O escritor e jornalista uruguaio, autor de livros emblemáticos como “As veias abertas da América Latina”, “Memória do Fogo” e “O Livro dos Abraços”, faleceu nesta segunda-feira, 13 de abril, em Montevidéu, aos 74 anos. O juri que lhe entregou o doutorado honoris causa da Universidade de Havana, em 2001, o definiu como “um recuperador da memória real e coletiva sul-americana e um cronista do seu tempo”.
Eduardo Germán Hughes
Galeano nasceu em Montevidéu, no dia 3 de setembro de 1940. Era filho de
Eduardo Hughes Roosen e de Lucía Ester Galeano Muñoz, de quem tomou o sobrenome
para assinar como escritor e jornalista. Quando era um adolescente, começou a publicar
caricaturas no El Sol, um pasquim socialista do Uruguai, com o pseudônimo de
Gius. Apesar de ser oriundo de uma família de classe alta, ele trabalhou como
operário numa fábrica de inseticidas e pintor de cartazes, entre outros ofícios.
Seus primeiros passos no jornalismo foram no início dos Anos 60, como editor do semanário Marcha e do diário Época. Depois do golpe de Estado em seu país, no dia 27 de junho de 1973, foi preso, mas libertado posteriormente, e então se instalou na Argentina. Em Buenos Aires, foi diretor da revista cultural e política Crisis, fundada por Federico Vogelius (1919-1986): “aquele foi um grande exercício de fé na palavra humana, solidária e criadora (….) por acreditar na palavra, nessa palavra, Crisis escolheu o silêncio. Quando a ditadura militar a proibiu de dizer o que ela tinha que dizer, se negou a seguir falando”, disse anos depois sobre o fechamento da publicação, que aconteceu em agosto de 1976.
Seus primeiros passos no jornalismo foram no início dos Anos 60, como editor do semanário Marcha e do diário Época. Depois do golpe de Estado em seu país, no dia 27 de junho de 1973, foi preso, mas libertado posteriormente, e então se instalou na Argentina. Em Buenos Aires, foi diretor da revista cultural e política Crisis, fundada por Federico Vogelius (1919-1986): “aquele foi um grande exercício de fé na palavra humana, solidária e criadora (….) por acreditar na palavra, nessa palavra, Crisis escolheu o silêncio. Quando a ditadura militar a proibiu de dizer o que ela tinha que dizer, se negou a seguir falando”, disse anos depois sobre o fechamento da publicação, que aconteceu em agosto de 1976.
A ditadura argentina,
presidida por Jorge Rafael Videla, colocou seu nome numa lista negra de
condenados políticos, o que o obrigou a se exilar na Espanha. Ali, ele escreve
a trilogia Memória do Fogo (Os Nascimentos, 1982; As Caras E As Máscaras, 1984
e O Século Do Vento, 1986) onde revisita a história do continente latino-americano.
Cronista do seu tempo,
a visão de uma América Latina unida foi refletida em sua narrativa, através de
obras como Los Días Siguientes (1963) (não tem título em português), Vagamundo
(1973), O Livro dos Abraços (1989), Patas Arriba: La Escuela del Mundo al Revés
(1998) (não tem título em português).
Em 1985, regressou a Montevidéu, quando Julio María Sanguinetti assumiu a presidência do país através de eleições democráticas. De volta ao seu país natal, juntou-se com Mario Benedetti, Hugo Alfaro e outros escritores e jornalistas para fundar o semanário Brecha. Posteriormente, criou sua própria editora: El Chanchito. Ademais, integrou a Comissão Nacional Pró Referendo (entre 1987 e 1989), constituída para derrubar a Lei de Anistia, promulgada em dezembro de 1986, para impedir o julgamento de crimes cometidos durante a ditadura militar em seu país (1973-1985).
Em 1985, regressou a Montevidéu, quando Julio María Sanguinetti assumiu a presidência do país através de eleições democráticas. De volta ao seu país natal, juntou-se com Mario Benedetti, Hugo Alfaro e outros escritores e jornalistas para fundar o semanário Brecha. Posteriormente, criou sua própria editora: El Chanchito. Ademais, integrou a Comissão Nacional Pró Referendo (entre 1987 e 1989), constituída para derrubar a Lei de Anistia, promulgada em dezembro de 1986, para impedir o julgamento de crimes cometidos durante a ditadura militar em seu país (1973-1985).
A obra de Eduardo
Galeano recebeu galardões em diversas partes do mundo, como o Prêmio Casa das
Américas, em 1975 e 1978, o Prêmio do Ministério da Cultura do Uruguai em 1982,
1984 e 1986, o American Book Award de 1989, o Prêmio Stig Dagerman de 2010 e o
Prêmio Alba das Letras, em 2013.
Quando recebeu o
doutorado Honoris Causa da Universidade de Havana, em 2001, o escritor disse:
“Eu amei esta ilha da única maneira que é, digna de fé, com suas luzes e
sombras”, enquanto o juri definiu o escritor e jornalista com a certeza de se
tratar de “um recuperador da memória real e coletiva sul-americana e um
cronista do seu tempo”.
Em 2004, escreveu uma
“Carta ao Senhor Futuro”, que sintetiza seus anseios. “Estamos ficando sem
mundo. Os violentos chutam ele como se fosse uma bola. Jogam com ele, esses
senhores da guerra, como se ele fosse uma granada de mão; e os mais vorazes o
espremem como um limão. Nesse passo, temo que, mais cedo que tarde, o mundo
poderia não ser mais que uma pedra morta girando no espaço, sem terra, sem
água, sem ar e sem alma”, advertiu o escritor nessa carta. “Disso se trata,
senhor Futuro. Eu lhe peço, nós lhe pedimos, que não se deixe desalojar. Para
estarmos, para sermos, necessitamos que o senhor siga estando, que o senhor
siga sendo, que nos ajude a defender sua casa, que é a casa do tempo”.
(FONTE: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Morre-o-escritor-Eduardo-Galeano/6/33255)
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