Tenho ido vez em quando na terra. Nos terrais de Teresina. Nos quintais. Nos bares. A cerveja continua a mais gelada do Brasil. Só tem “empoada”. Na farinha, dizem outros. O diabo vem engarrafado numa nuvem de gelo e névoa, que o garçom (todos tem a mesma técnica) sacode pra cima e pra baixo, assopra no fundo, não congela, e tem o melhor gosto de cerveja gelada do planeta.
Mas se a cerveja continua gelada, o calor da cidade vai aumentando. Da última vez que fui, desesperei-me. Sem ter companhia e nada a fazer (minhas referências estão esmaecendo, quase já não as tenho) fui a um restaurante tomar uma, como se diz por aqui. Com tira-gosto de panelada, que ninguém é de ferro, sorvia a bicha (o trocadilho é por conta da parada gay que aqui se faz também e acontecia). Ao pagar a conta para continua a beber noutras paragens (que aqui só se faz isso), caminhei na rua sem saber que antes estava num ar condicionado. Sem nada a condicionar o diabo da rua vermelhidou. A sensação térmica dos meteorologistas estava nuns quarenta e tantos. Eu nunca tinha sentido tanto calor. E arreparem que sou da terra, dos quintais. Criado com o sol do equador, suas filhas, tudo em cima de mim. Mas não me agüentava. Fervia e a sensação de estar perto do inferno foi aumentando. Me perguntava o que podia esquentar Teresina tanto assim!
Sorte que encontrei logo ali no bar do Esdras (no Clube dos Diários, na Pedro II) o poeta, fotógrafo e filósofo Paulo Tabatinga. Comentando a situação de Teresina esquentar mais a cada ano, Tabatinga filosofou: “culpa das mulheres e da televisão. Pra ter mais tempo de ver TV, as mulheres não querem mais perder tempo em varrer os quintais. E elas são fofoqueiras! Se a vizinha não varrer seu quintal cai na boca da outra. Então – filosofou o mestre – para não ter folhas nos quintais elas mandam cortar as árvores. Aí o sol se esquenta mais. Só isso. Culpa das mulheres, da fofoca e da televisão!”.
Faz sentido...
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Acontecendo em Teresina
Joca Oeiras diz Coca-Cola faz propaganda enganosa ao vender refrigerante de caju Crush como cajuína
Efrém Ribeiro
Da Editoria Geral
Ao fazer campanha contra o uso do nome cajuína em um refrigerante na empresa Coca-Cola, o artista plástico e escritor Joca Oeiras disse que sua ação foi de levantar a bandeira da defesa de um patrimônio cultural do Piauí. “Não apenas um patrimônio cultural, pois se trata de uma atividade que dá sustento há inúmeras famílias piauienses”, falou Joca Oeiras.
Joca Oeiras, que mora em Oeiras, a primeira capital do Piauí, iniciou uma campanha em virtude da Coca-Cola, representada pela empresa Norsa no Estado, no Ceará em em outros Estados nordestinos, lançou um refrigerante de caju chamado Crush-Cajuína.
Para Joca Oeiras, a Coca-Cola pratica propaganda enganosa ao dizer que o Crush tem sabor de cajuína, como consta do rótulo do “Dizer que o Crush tem sabor de cajuína, como consta do rótulo da beberagem, e fazer propaganda do refrigerante chamando-o Crush-Cajuína considero isto inaceitável, mais ou menos como fazer pastel de carne de gato e dizer que se trata de carne de gado. Isso se chama propaganda enganosa”, falou o artista.
Meio Norte O que levou o senhor a fazer a campanha contra a Coca-Cola?
Joca Oeiras – A Coca-Cola, além de ser uma potência industrial, é um ícone fortíssimo do chamado imperialismo norte-americano e, do jeito que a pergunta foi formulada parece que eu, talvez até por bravata, tomei a iniciativa de mexer, com vara curta, com aquele temido leão. Desculpe a franqueza, mas a pergunta é equivocada. Longe de mim fazer campanha contra a Coca Cola. Levantei, sim, a bandeira da defesa de um patrimônio cultural do Piauí. Aliás, não apenas cultural pois se trata de uma atividade que dá sustento a inúmeras famílias piauienses.
Meio Norte - Qual foi a resposta das pessoas?
Joca Oeiras - Sobre a reação das pessoas eu fiquei, inicialmente, muito preocupado pois, as que podiam fazer alguma coisa, a maioria absoluta delas fingia que não ouvia. Creio que estas autoridades se encontravam (e muitas ainda estão) perplexas. Mas, aos poucos, fui recebendo apoios importantes como o dos professores Cineas Santos e Fonseca Neto; do jornalista e proprietário do Portal Acessepiauí, Cantídio Filho; da cantora e compositora Patrícia Méllodi, que criou no twitter a hashtag #acajuinaenossapiaui; a campanha ganhou um poema do grande poeta e compositor Climério Ferreira (A cajuína cristalina do cariri?/A cajuína cristalina é de Teresina, Piauí/Tem coisa que não rima/Tem coisa que não rola/A cajuína da coca não cola). Mais ainda, estava marcada para sexta-feira, uma reunião na sede do Ministério Público do Piauí, para onde foram convidados representantes da Fundac (Fundação Cultural do Piauí) ao e do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Devo, também, agradecer ao Jornal Meio Norte por ter publicado, na coluna Informe, a minha carta-aberta. O senador Wellington Dias pediu a seu assessor Wellington Soares, que eu lhe enviasse subsídios para um discurso que pretende fazer na tribuna do Senado.
Meio Norte - Quais os próximos passos da campanha?
Joca Oeiras – Quanto à continuidade da campanha, isso não depende só de mim, isto é, por mais chato e teimoso que eu seja, e reconheço que sou, não tenho a menor condição, nem vontade, de prosseguir sozinho. Acho, no entanto, que a próxima semana será decisiva para a gente saber com quem contamos. O professor Cineas Santos pensa em organizar Festivais da Cajuína itinerantes nas cidades onde haja uma expressiva quantidade de produtores de cajuína, uma ideia interessante que precisa ser melhor trabalhada no médio prazo.
Meio Norte - Por que a cajuína é piauiense? Não existe cajuína no Ceará?
Joca Oeiras – Outro dia ouvi dizerem que a cajuína só é piauiense porque o Caetano fez aquela música (linda, por sinal). Conheci o Piauí, e a cajuína, bem depois da música ter feito sucesso. Não digo que a composição não tenha ajudado neste processo identitário mas acredito que, para além disso, os piauienses, há muito tempo, a consideram parte de seu patrimônio cultural, isto é, que, para além da rima, Caetano, na sua sensibilidade, percebeu esta vinculação. Mas não o que me move não é nenhum sentimento bairrista ou nacionalista. Acredito que, para uma parcela dos cearenses, a cajuína faz, também, parte do seu patrimônio cultural e não vejo nada de errado nisso.
Meio Norte - O que uma empresa pode fazer para usar a marca Cajuína?
Joca Oeiras –.Pergunta facílima de responder: para poder dizer que para fazer cajuína, a empresa ou empresário precisa, apenas, fazer cajuína, isto é, fabricar artesanalmente uma bebida sem álcool, clarificada e esterilizada, preparada a partir do suco de caju, no interior da embalagem, apresentando uma cor amarelo-âmbar resultante da caramelização dos açúcares naturais do suco. Quem faz isso, tem legitimidade para usar o nome cajuína, senão ...
Meio Norte O que o senhor achou da atitude da Coca-Cola em se apropriar da marca cajuína?
Joca Oeiras – Jamais acusei a Coca Cola Norsa de ter buscado patentear a marca cajuína, isto não ocorreu e eles mesmos esclareceram que não se trata disso. Dizer que o Crush tem sabor de cajuína, como consta do rótulo da beberagem, e fazer propaganda do refrigerante chamando-o Crush-Cajuína considero inaceitável. É mais ou menos como fazer pastel de carne de gato e dizer que se trata de carne de gado. Isso se chama propaganda enganosa.
Fonte: Blog do Efrém
Poemartemanhas
A CRIAÇÃO da XOXOTA poema de mario quintana
Sete bons homens de fino saber
Criaram a xoxota, como pode se ver:
Chegando na frente, veio um açougueiro
Com faca afiada deu talho certeiro.
Um bom marceneiro, com dedicação
Fez furo no centro com malho e formão.
Em terceiro o alfaiate, capaz e moderno
Forrou com veludo o lado interno.
Um bom caçador, chegando na hora
Forrou com raposa, a parte de fora.
Em quinto chegou, sagaz pescador
Esfregando um peixe, deu-lhe o odor.
Em sexto, o bom padre da igreja daqui.
Benzeu-a dizendo: “É só pra xixi!”
Por fim o marujo, zarolho e perneta
Chupou-a, fodeu-a e chamou-a…
Buceta!
Com faca afiada deu talho certeiro.
Um bom marceneiro, com dedicação
Fez furo no centro com malho e formão.
Em terceiro o alfaiate, capaz e moderno
Forrou com veludo o lado interno.
Um bom caçador, chegando na hora
Forrou com raposa, a parte de fora.
Em quinto chegou, sagaz pescador
Esfregando um peixe, deu-lhe o odor.
Em sexto, o bom padre da igreja daqui.
Benzeu-a dizendo: “É só pra xixi!”
Por fim o marujo, zarolho e perneta
Chupou-a, fodeu-a e chamou-a…
Buceta!
Enviada por Alexandre Carvalho
Filosofando
"Só no coração sempre do poeta é que não vão depressa os que vão" Frederico Scmidt (1906-1965)
Trecho de Livro
“É engraçado como certas palavras parecem, ultimamente, ter mudado de sentido ou, pelo menos, parecem não significar a mesma coisa para todos. Os meios de comunicação se multiplicaram, um número enorme de informações circula, no entanto, no entanto, parece que, cada vez mais, falamos línguas diferentes. Isso acontece, em parte, porque, hoje, as informações e rapidamente divulgadas. Temos pouco tempo para ouvir as mensagens, compreender e assinalar seus significados. Em parte, porque existe uma grande diversidade de fontes de informação disputando a atenção do público para suas mensagens o máximo de tempo possível.”
(Cristina Costa, Questão de Arte, Ed.Moderna.pg.7)
Cantinho do Haikai
Nesta catedral,
quando arde o sol, toda tarde,
sangra este vitral
quando arde o sol, toda tarde,
sangra este vitral
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