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(Texto: Fabíola Lemos)
Essa semana, ganhou repercussão o ato do padre Júlio Lancellotti quebrando à marretadas os pontiagudos blocos de paralelepípedos instalados pela prefeitura de Bruno Covas (PSDB) em baixo de viadutos na Zona Leste de São Paulo.
O curioso é que Covas procura reforçar sua imagem de "moderno" e "arrojado". Aquele que não quer ser visto como político, mas como "gestor".
A política de higienização social é tão velha quanto a história das civilizações. A diferença é que nas antigas sociedades aristocráticas o pedantismo não precisava ser ocultado, ao contrário, era exercício de status.
A Modernidade se impôs historicamente, muito mais enquanto idéia do que realidade concreta. Esse produto, permeado de muito marketing que vive do esforço de convencer sobre uma suposta novidade.ovo mesmo só o incrível potencial de produzir idiotas. Almas rastejantes, cada vez mais empobrecidas material e espiritualmente que aplaudem medidas como essa.
No Brasil da República Velha, se resolvia a questão social com polícia, pancadaria e chacina. No Brasil dos "modernos gestores" a solução permanece exatamente a mesma.
Redução da maioridade penal, internação compulsória de dependentes químicos, internação de crianças em hospitais psiquiátricos, eliminação da proteção trabalhista, ataques aos direitos das populações indígenas, defesa do trabalho infantil, mulheres grávidas trabalhando em locais insalubres, perseguição à cientistas, rejeição à vacina.O despudorado "retorno" às antigas práticas são o testemunho cabal do fracasso que representa a República Liberal.
Colocar pedras pontiagudas para afastar os que "enfeiam" a cidade é tão somente o revelar do mesmo pedantismo de sempre.
Faz lembrar aquela máxima que diz:
"Nada mais Conservador que um liberal no poder. Nada mais liberal que um conservador na oposição". Rexto de Fabíola Lemos Cunha