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quarta-feira, 6 de maio de 2020

Não Tem Tradução - Noel Rosa



O cinema falado é o grande culpado da transformação
Dessa gente que sente que um barracão prende mais que o xadrez
Lá no morro, seu eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do Inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
Mais tarde o malandro deixou de sambar, dando pinote
Na gafieira dançar o Fox-Trote
Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone.

terça-feira, 5 de maio de 2020

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Exilados - Tempo de Corona

Agora
estamos todos
exilados !


Paulo Tabatinga


Desenho: Paulo Tabatinga 

Nova Passagem


Formas do Mal

O mal é feito mosca:
quando você concentrado
escrevendo poemas
ela já está o tempo todo
lhe zoando! 

O mal é feito muriçoca
quando você se distrai, por instante,
ela já está sobre sua pele 
há muito tempo sugando! 



Paulo Tabatinga



Foto: Paulo Tabatinga 


domingo, 3 de maio de 2020

O Homem e a Máquina - Nelson Nunes

                                           
                                         Recitando: Paulo Tabatinga 


O POEMA E A MÁQUINA
                                                        NELSON NUNES

UM HOMEM MAIS OUTRO HOMEM
NÃO FAZEM UM DESTINO.
SERÃO SEMPRE UM HOMEM E OUTRO HOMEM
A CORREREM COMO DOIS PARALELOS.

UM TRABALHA O FERRO EXTRAÍDO DA TERRA
E COM TODO FERVOR FABRICA A MÁQUINA.
O OUTRO PASTOREIA UM REBANHO DE PALAVRAS
E COMO PARA DISTRAIR ESTRELAS FAZ POEMAS.

CADA UM COM SUA LINGUAGEM
COM SUA FERRAMENTA
ENFRENTA O MUNDO
CONSTRÓI SEU SONHO.

O FERRO FUNDIDO EM PALAVRA FUNDE A VIDA.
A MÁQUINA É O POEMA DO OUTRO HOMEM.
O POETA QUER DECIFRAR A MÁQUINA
QUE QUER DEVORAR O HOMEM.



O poeta Nelson José Nunes Figueiredo, piauiense da geração pós-6ª, liberto das trincheiras de poesia metrificada e rimada, com o vulcão de sua alma sentimental e o valor da imaginação ardente do seu espírito de artista, tem no seu livro "Na Boca do Vulcão", versos de bom poeta, versos vibrantes que permanecem, que ficam no subconsciente do leitor, pela singularidade de suas idéias estéticas, dentro da Escola Modernista. Na sua poesia há inquietude e sentimento real da vida, subjetiva, interiorizada. Há no presente livro poemas interessantes como "Fábrica", "Phoemhomérios", "A Cinderela", "O Poema e a Máquina", "Armadilha", "Flash Noturno", "O Exército da Rosa". Para dar a verve do poeta Nelson Nunes, transcrevemos aqui o seu poema "Fábula" do seu presente livro:

Covid 19 (anticarnaval)



Não é bomba atômica
Nem o Juízo Final
É o coronavírus - 
A pandemia do mau... 


Foi decretado calamidade:

Distanciamento social
A morte tomou o mundo
em um colapso total


As ruas ficaram vazias

o petróleo perdeu o valor
os aviões não mais transportavam
o sonho pra o exterior


O pânico, o medo: Lockdown

máscara, álcool... 
Abraços, beijinhos partidos
A antipoesia do anticarnaval 


 Paulo Tabatinga

Um Índio - Caetano Veloso


sábado, 2 de maio de 2020