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domingo, 21 de agosto de 2011

Trecho do Livro Questão de Arte - Cristina Costa



“Habitamos um mundo que vem trocando sua paisagem natural por um cenário criado pelo o homem, pelo qual circulam pessoas, produtos, informações e principalmente imagens
E, se temos que conviver diariamente com essa produção infinita, melhor será aprendermos a avaliar essa passagem, sua função, sua forma e, seu conteúdo, o que exige nossa sensibilidade estética. Só assim poderemos deixar de ser observadores para nos tornarmos espectadores críticos, participantes e exigentes.”  Cristina Costa



 

Foto da Semana

Pescador - Rio Prnaíba(Velho Monge) Teresina, Piauí





Cantinho do Haikai
Teresina aniversaria (159 anos) e o mais lírico dos nossos poetas traduz tudo em três versos. Cinéas Santos

DESDE SEMPRE
no cotidiano da cidade
o dia eterno se inaugura
alegre rumorejar de flores
          ( Elias Paz e Silva)



Acontecendo em Teresina

Foto: Arquivo Cícero Manoel

Exposição TODAS AS CORES DE TERESINA
Em cartaz até o dia 06 de setembro
ESPAÇO CULTURAL SÃO FRANCISCO
Bairro Mafuá
www.ecfrancisco.xpg.com.br



Desenho Artístico de Gabriel Archanjo

Gabriel Archanjo rasbiscou Paulo Tabatinga - Obrigado, me caro! ficou melhor que eu! 



Poemartemanhas

QUANDO OS PÁSSAROS 


                              (Luiz de Freitas)

      Quando os pássaros
     pousarem em meu quintal
     e se alimentarem das sementes
     parcas, que eu lancei,
     ah, Senhor! eu quero estar
     para ver, eu quero estar
     para ver.
Eu, aqui do Blog, ofereço essa ao meu querido Tizé. Abraços embriagados de poemas!





Filosofando

O cinema é uma cultura da superestrutura capitalista. (Glauber Rocha, Revisão crítica do cinema brasileiro, p.37)



Fotopoema



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

TERRORISTA LOURO DE OLHOS AZUIS - Frei Beto

Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância) e excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais, dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito.

A mídia usamericana incutiu no Ocidente o sofisma de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o Islã é originariamente violento e, em sua primeira visita aos EUA, comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto numa mesquita.

Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos um passageiro em trajes islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo... alerta o preconceito infundido.

Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos. Dele foram vítimas os árabes atacados pelas Cruzadas e os 70 milhões de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16, em decorrência da colonização ibérica.

O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York, das torres gêmeas, há 10 anos, e que causou a morte de 3 mil pessoas. Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 mil civis, sem contar as mortes posteriores por efeito da contaminação.

Súbito, a pacata Noruega – tão pacata que, anualmente, concede o Prêmio Nobel da Paz – vê-se palco de dois atentados terroristas que deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.

Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos. O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na ilha de Utoeya, teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava entranhado na lógica ocidental.

A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, branco, louro, de olhos azuis, adepto da fisicultura e dono de uma fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria suspeitas na alfândega dos EUA. Ele "é dos nossos”, diriam os policiais condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente clara nem olhos azuis ou verdes.

Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão? O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela OTAN sobre a população civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli?

Anders é um típico escandinavo. Tem a aparência de príncipe. E alma de viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar: o que estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores? Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética?

O ser humano é a alma que carrega. Amy Winehouse tinha apenas 27 anos, sucesso mundial como compositora e intérprete, e uma fortuna incalculável. Nada disso a fez uma mulher feliz. O que não encontrou em si ela buscou nas drogas e no álcool. Morreu prematuramente, solitária, em casa.

O que esperar de uma sociedade em que, entre cada 10 filmes, 8 exaltam a violência; o pai abraça o filho em público e os dois são agredidos como homossexuais; o motorista de um Porsche se choca a 150km por hora com uma jovem advogada que perece no acidente e ele continua solto; o político fica indignado com o bandido que assaltou a filha dele e, no entanto, mete a mão no dinheiro público e ainda estranha ao ser demitido?

Enquanto a diferença gerar divergência permaneceremos na pré-história do projeto civilizatório verdadeiramente humano.

Frei Betto, Escritor e assessor de movimentos sociais  )




Foto da Semana






Fotopoema






Acontecendo em Teresina


Fonte: Diário do Povo do Piauí - Garimpado pelo poeta Ricardo Batista


Poemartemanhas


Bilhete
                                         Mário Quintana

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda




Filosofando

"Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos"  (sermão do bom ladrão - Padre Antônio Vieira




Cantinho do Haikai

viver é super difícil
o mais fundo
está sempre na superfície
Paulo Leminski

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Filosofando Em Piauiês - Edmar Oliveira

Tenho ido vez em quando na terra. Nos terrais de Teresina. Nos quintais. Nos bares. A cerveja continua a mais gelada do Brasil. Só tem “empoada”. Na farinha, dizem outros. O diabo vem engarrafado numa nuvem de gelo e névoa, que o garçom (todos tem a mesma técnica) sacode pra cima e pra baixo, assopra no fundo, não congela, e tem o melhor gosto de cerveja gelada do planeta.


Mas se a cerveja continua gelada, o calor da cidade vai aumentando. Da última vez que fui, desesperei-me. Sem ter companhia e nada a fazer (minhas referências estão esmaecendo, quase já não as tenho) fui a um restaurante tomar uma, como se diz por aqui. Com tira-gosto de panelada, que ninguém é de ferro, sorvia a bicha (o trocadilho é por conta da parada gay que aqui se faz também e acontecia). Ao pagar a conta para continua a beber noutras paragens (que aqui só se faz isso), caminhei na rua sem saber que antes estava num ar condicionado. Sem nada a condicionar o diabo da rua vermelhidou. A sensação térmica dos meteorologistas estava nuns quarenta e tantos. Eu nunca tinha sentido tanto calor. E arreparem que sou da terra, dos quintais. Criado com o sol do equador, suas filhas, tudo em cima de mim. Mas não me agüentava. Fervia e a sensação de estar perto do inferno foi aumentando. Me perguntava o que podia esquentar Teresina tanto assim!


Sorte que encontrei logo ali no bar do Esdras (no Clube dos Diários, na Pedro II) o poeta, fotógrafo e filósofo Paulo Tabatinga. Comentando a situação de Teresina esquentar mais a cada ano, Tabatinga filosofou: “culpa das mulheres e da televisão. Pra ter mais tempo de ver TV, as mulheres não querem mais perder tempo em varrer os quintais. E elas são fofoqueiras! Se a vizinha não varrer seu quintal cai na boca da outra. Então – filosofou o mestre – para não ter folhas nos quintais elas mandam cortar as árvores. Aí o sol se esquenta mais. Só isso. Culpa das mulheres, da fofoca e da televisão!”.

Faz sentido...



Foto da Semana



Fotopoema



Acontecendo em Teresina

Joca Oeiras diz Coca-Cola faz propaganda enganosa ao vender refrigerante de caju Crush como cajuína
Efrém Ribeiro
Da Editoria Geral

Ao fazer campanha contra o uso do nome cajuína em um refrigerante na empresa Coca-Cola, o artista plástico e escritor Joca Oeiras disse que sua ação foi de levantar a bandeira da defesa de um patrimônio cultural do Piauí. “Não apenas um patrimônio cultural, pois se trata de uma atividade que dá sustento há inúmeras famílias piauienses”, falou Joca Oeiras.

Joca Oeiras, que mora em Oeiras, a primeira capital do Piauí, iniciou uma campanha em virtude da Coca-Cola, representada pela empresa Norsa no Estado, no Ceará em em outros Estados nordestinos, lançou um refrigerante de caju chamado Crush-Cajuína.

Para Joca Oeiras, a Coca-Cola pratica propaganda enganosa ao dizer que o Crush tem sabor de cajuína, como consta do rótulo do “Dizer que o Crush tem sabor de cajuína, como consta do rótulo da beberagem, e fazer propaganda do refrigerante chamando-o Crush-Cajuína considero isto inaceitável, mais ou menos como fazer pastel de carne de gato e dizer que se trata de carne de gado. Isso se chama propaganda enganosa”, falou o artista.

Meio Norte O que levou o senhor a fazer a campanha contra a Coca-Cola?

Joca Oeiras – A Coca-Cola, além de ser uma potência industrial, é um ícone fortíssimo do chamado imperialismo norte-americano e, do jeito que a pergunta foi formulada parece que eu, talvez até por bravata, tomei a iniciativa de mexer, com vara curta, com aquele temido leão. Desculpe a franqueza, mas a pergunta é equivocada. Longe de mim fazer campanha contra a Coca Cola. Levantei, sim, a bandeira da defesa de um patrimônio cultural do Piauí. Aliás, não apenas cultural pois se trata de uma atividade que dá sustento a inúmeras famílias piauienses.
Meio Norte - Qual foi a resposta das pessoas?
Joca Oeiras - Sobre a reação das pessoas eu fiquei, inicialmente, muito preocupado pois, as que podiam fazer alguma coisa, a maioria absoluta delas fingia que não ouvia. Creio que estas autoridades se encontravam (e muitas ainda estão) perplexas. Mas, aos poucos, fui recebendo apoios importantes como o dos professores Cineas Santos e Fonseca Neto; do jornalista e proprietário do Portal Acessepiauí, Cantídio Filho; da cantora e compositora Patrícia Méllodi, que criou no twitter a hashtag #acajuinaenossapiaui; a campanha ganhou um poema do grande poeta e compositor Climério Ferreira (A cajuína cristalina do cariri?/A cajuína cristalina é de Teresina, Piauí/Tem coisa que não rima/Tem coisa que não rola/A cajuína da coca não cola). Mais ainda, estava marcada para sexta-feira, uma reunião na sede do Ministério Público do Piauí, para onde foram convidados representantes da Fundac (Fundação Cultural do Piauí) ao e do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Devo, também, agradecer ao Jornal Meio Norte por ter publicado, na coluna Informe, a minha carta-aberta. O senador Wellington Dias pediu a seu assessor Wellington Soares, que eu lhe enviasse subsídios para um discurso que pretende fazer na tribuna do Senado.

Meio Norte - Quais os próximos passos da campanha?

Joca Oeiras – Quanto à continuidade da campanha, isso não depende só de mim, isto é, por mais chato e teimoso que eu seja, e reconheço que sou, não tenho a menor condição, nem vontade, de prosseguir sozinho. Acho, no entanto, que a próxima semana será decisiva para a gente saber com quem contamos. O professor Cineas Santos pensa em organizar Festivais da Cajuína itinerantes nas cidades onde haja uma expressiva quantidade de produtores de cajuína, uma ideia interessante que precisa ser melhor trabalhada no médio prazo.

Meio Norte - Por que a cajuína é piauiense? Não existe cajuína no Ceará?

Joca Oeiras – Outro dia ouvi dizerem que a cajuína só é piauiense porque o Caetano fez aquela música (linda, por sinal). Conheci o Piauí, e a cajuína, bem depois da música ter feito sucesso. Não digo que a composição não tenha ajudado neste processo identitário mas acredito que, para além disso, os piauienses, há muito tempo, a consideram parte de seu patrimônio cultural, isto é, que, para além da rima, Caetano, na sua sensibilidade, percebeu esta vinculação. Mas não o que me move não é nenhum sentimento bairrista ou nacionalista. Acredito que, para uma parcela dos cearenses, a cajuína faz, também, parte do seu patrimônio cultural e não vejo nada de errado nisso.

Meio Norte - O que uma empresa pode fazer para usar a marca Cajuína?

Joca Oeiras –.Pergunta facílima de responder: para poder dizer que para fazer cajuína, a empresa ou empresário precisa, apenas, fazer cajuína, isto é, fabricar artesanalmente uma bebida sem álcool, clarificada e esterilizada, preparada a partir do suco de caju, no interior da embalagem, apresentando uma cor amarelo-âmbar resultante da caramelização dos açúcares naturais do suco. Quem faz isso, tem legitimidade para usar o nome cajuína, senão ...

Meio Norte O que o senhor achou da atitude da Coca-Cola em se apropriar da marca cajuína?

Joca Oeiras – Jamais acusei a Coca Cola Norsa de ter buscado patentear a marca cajuína, isto não ocorreu e eles mesmos esclareceram que não se trata disso. Dizer que o Crush tem sabor de cajuína, como consta do rótulo da beberagem, e fazer propaganda do refrigerante chamando-o Crush-Cajuína considero inaceitável. É mais ou menos como fazer pastel de carne de gato e dizer que se trata de carne de gado. Isso se chama propaganda enganosa.

Fonte: Blog do Efrém



Poemartemanhas

A CRIAÇÃO da XOXOTA poema de mario quintana 

Sete bons homens de fino saber
Criaram a xoxota, como pode se ver:

Chegando na frente, veio um açougueiro
Com faca afiada deu talho certeiro. 

Um bom marceneiro, com dedicação
Fez furo no centro com malho e formão.

Em terceiro o alfaiate, capaz e moderno
Forrou com veludo o lado interno.

Um bom caçador, chegando na hora
Forrou com raposa, a parte de fora.

Em quinto chegou, sagaz pescador
Esfregando um peixe, deu-lhe o odor. 

Em sexto, o bom padre da igreja daqui.
Benzeu-a dizendo: “É só pra xixi!”

Por fim o marujo, zarolho e perneta
Chupou-a, fodeu-a e chamou-a…
Buceta!

                                          Enviada por Alexandre Carvalho



Filosofando

"Só no coração sempre do poeta é que não vão depressa os que vão"    Frederico Scmidt (1906-1965)



Trecho de Livro


“É engraçado como certas palavras parecem, ultimamente, ter mudado de sentido ou, pelo menos, parecem não significar a mesma coisa para todos. Os meios de comunicação se multiplicaram, um número enorme de informações circula, no entanto, no entanto, parece que, cada vez mais, falamos línguas diferentes. Isso acontece, em parte, porque, hoje, as informações e rapidamente divulgadas. Temos pouco tempo para ouvir as mensagens, compreender e assinalar seus significados. Em parte, porque existe uma grande diversidade de fontes de informação disputando a atenção do público para suas mensagens o máximo de tempo possível.”
                      (Cristina Costa, Questão de Arte, Ed.Moderna.pg.7)



Cantinho do Haikai
                        
                       Jorge Fonseca Júnior

Nesta catedral,
quando arde o sol, toda tarde,
sangra este vitral