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domingo, 27 de março de 2011

 

Ninguém mora onde não mora ninguém

Pequena reflexão sobre as pessoas abandonadas nas ruas das grandes cidades
Publicado em 09 de março de 2011

Marcia Tiburi
Nas grandes cidades, pessoas que não têm onde morar são contraditoriamente chamadas de “moradores” de rua. É um eufemismo que acoberta o quadro da injustiça social típica das sociedades em fase de capitalismo selvagem, aquele no qual a eliminação do outro é a regra. Que tantos e cada vez mais vivam nas ruas é uma prova de que o famoso instinto gregário do ser humano se esfacela, ou assume formas cada vez mais enganadoras porquanto mais voláteis em uma sociedade que é, ao mesmo tempo, de massas e de indivíduos que não têm a menor noção do que significa o outro.
O aumento das relações virtuais em detrimento das relações “atuais” é a própria perversão das massas marcadas pela anulação física individual em nome de um eu abstrato, sustentado apenas como imagem, como avatar. E que tem como correspondente um outro reduzido à sua mera abstração. Há, certamente, exceções para a regra da distância com que o eu mede o outro.
Dizem as pesquisas que o número de pessoas vivendo sem teto cresceu nos últimos anos por causa do desemprego. E são milhares. Motivos além do desemprego podem confundir quanto ao sentido (e o sem sentido) da complexa experiência vivida por essas pessoas. Afinal, pode-se encontrar entre os que vivem nas ruas até mesmo quem não se sente em situação de injustiça social.
A população das ruas das grandes cidades é composta de habitantes (ou desabitantes) provisórios ou não, que estão ali por motivos diversos. Muitas vezes são afetivos. Não é raro encontrar ricas histórias de vida entre as pessoas sem morada, desde aquele que renunciou à vida burguesa por considerá-la insuportável, até quem por meio de inesperadas leituras filosóficas criou um significado para o ato de “habitar” a transitoriedade, ou seja, “desabitar” instransitivamente e estar assim, na mera existência.
Que não habitar uma casa possa significar uma experiência existencial é, no entanto, apenas a exceção que confirma a regra da contemporânea injustiça social a cuja base racional e afetiva tantos entregam as forças. Renunciar, desistir, jogar a toalha, permitir-se a impotência como o Bartleby, de Melville, ou o fracasso, como um dia afirmou J. L. Borges, pode ser o único modo de viver em um mundo marcado pela melancolia e pelo sem sentido em termos políticos, estéticos e metafísicos.
O cenário social contemporâneo é o espaço e o tempo dessa possibilidade de fracasso que diz respeito à potencialidade mais profunda de nossos tempos. É a forma mais terrível do mal, a da banalização que se estabelece na vida humana como força lógica. Como um “deixar acontecer” ao qual damos o nome de “abandono”, esse ato de exílio, de ostracismo, de curiosa rejeição sem ação. A mendicância das pessoas é apenas a verdade íntima do capitalismo como mendicância da própria política deixada a esmo em nome de antipolíticos interesses pessoais. A mendicância é a imagem social das escolas, dos hospitais públicos, do salário mínimo…
Democracia de teto e paredes
“Moradores de rua” são a figura mais perfeita do abandono que está no imo da devoração capitalista. Convive-se com eles nos bairros elegantes das cidades grandes como se fossem um estorvo ou, para quem pensa de um modo mais humanitário, como um problema social a ser resolvido filantropicamente. Alguns moram em lugares específicos, têm sua “própria” esquina, carregam objetos de uso aonde quer que vão, outros perambulam a esmo desaparecendo da vista de quem tem onde morar. São meras fantasmagorias aos olhos de quem não é capaz de supor sua alteridade. Esmagados pela contradição de morar onde não mora ninguém, não têm o direito de ser alguém. Partilham o deslugar. E, no entanto, praticam o mesmo que os outros dentro de suas casas: dormem, comem, fazem sexo. A condição humana é o que se divide por paredes ou na ausência delas. A democracia torna-se uma questão de nudez e exposição da vida íntima.

Ninguém “mora na rua”; antes, quem está na rua não mora. Quem está fora dos básicos direitos constitucionais está excluído da sociedade. E muito mais além da Constituição, está excluído pelo próprio status com que é medido. O status de “morador de rua” é apenas um modo de incluir os excluídos na ordem do discurso acobertadora do fascismo prático de cada dia oculto sob o véu da autista sensibilidade burguesa. Se o princípio de autoconservação a qualquer custo é a base da ação de indivíduos unidos na massa, está imediatamente perdida a dimensão do outro sem a qual não podemos dizer que haja ética ou política. Mesmo sob o status de morador de rua, o mendigo da nossa esquina é a prova do fracasso de todos os sistemas. Se as estatísticas não mudarem comprovando que a tendência da exceção pode ser a regra, talvez a democracia de teto e paredes não sirva mais a ninguém em breve. Só que às avessas.

marciatiburi@revistacult.com.br
    Fonte: Revista CULT.
                    Acontecendo Em Teresina
                  ...Em um bairro de Teresina

                  Foto da Semana



                  Fotopoema


                  Dedico a Moisés OLiveira       -     Foto e poema: Paulo Tabatinga


                  Citação da Semana

                  "Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens." (Fernando Pessoa, em "O Eu Profundo"


                  Poemartemanhas

                  "Nós vos pedimos com insistência:
                  Nunca digam - Isso é natural
                  Diante dos acontecimentos de cada dia,
                  Numa época em que corre o sangue
                  Em que o arbitrário tem força de lei,
                  Em que a humanidade se desumaniza
                  Não digam nunca: Isso é natural
                  A fim de que nada passe por imutável."

                                                         Brecht








                  








                  



                  domingo, 20 de março de 2011

                  A Fúria Da Natureza (La nature est vérité )

                  Terremoto e Tsunami no Japão
                  imagens impressionantes da catástrofe no Japão.

                                                    Foto Tsujapão(internet)

                  O termo "tsunami" provém do japonês, significa "porto" (tsu, 津) e "onda" (nami, 波). Fonte: Wikipédia

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                  Frase da Semana

                  Sejamos o lobo do lobo do homem (Caetano Veloso)

                  *A frase acima é de autoria do cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso. A frase pertence à canção Língua e é uma paráfrase do pensamento do pensador político Thomas Hobbes. A frase de Hobbes é
                  "O HOMEM É O LOBO DO HOMEM". Hobbes utiliza essa metáfora para descrever o ser humano em seu estado natural.* Fonte: Blog Cibercidadão.
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                  Acontecendo Em Teresina

                  Foto de Paulo Tabatinga
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                  Só Para Relaxar

                  Um dos maiores seresteiros de Teresina, Clemilton Silva


                  Foto Da Semana


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                  Poemartemanhas
                        

                         Primeiro levaram os negros
                         Mas não me importei com isso
                         Eu não era negro

                         Em seguida levaram alguns operários
                         Mas não me importei com isso
                         Eu também não era operário

                         Depois prenderam os miseráveis
                         Mas não me importei com isso
                         Porque eu não sou miserável

                         Depois agarraram uns desempregados
                         Mas como tenho meu emprego
                         Também não me importei com isso

                         Agora estão me levando
                         Mas já é tarde.
                         Como eu não me importei com ninguém
                         Ninguém se importa comigo.

                                           Bertold Brecht 

                  domingo, 13 de março de 2011

                  As Cores de Uma Cidade



                  Acontecendo em Teresina


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                  Frase da Semana

                  “ As dobradiças do sistema estão, porém, de tal forma enferrujadas que a fuga é praticamente impossível” Fausto Cunha (crítico)

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                  Foto da Semana




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                                                 Depois de algum tempo...

                  “DEPOIS DE ALGUM TEMPO VOCÊ APRENDE A DIFERENÇA, A SUTIL DIFERENÇA ENTRE DAR A MÃO E ACORRENTAR UMA ALMA. E VOCÊ APRENDE QUE AMAR NÃO SIGNIFICA APOIAR-SE, E QUE COMPANHIA NEM SEMPRE SIGNIFICA SEGURANÇA. E COMEÇA A APRENDER QUE BEIJOS NÃO SÃO CONTRATOS E PRESENTES NÃO SÃO PROMESSAS. E COMEÇA A ACEITARSUAS DERROTAS COM A CABEÇA ERGUIDA E OLHOS ADIANTE, COM GRAÇA DE UM ADULTO E NÃO COM A TRISTEZA DE UMA CRIANÇA. E APRENDE A CONSTRUIR TODAS AS SUAS ESTRADAS NO HOJE, PORQUE O TERRENO DO AMANHÃ É INCERTO DEMAIS PARA OS PLANOS, E O FUTURO TEM COSTUME DE CAIR EM MEIO AO VÃO.
                  DEPOIS DE UM TEMPO VOCÊ APRENDE QUE O SOL QUEIMA SE FICAR EXPOSTO POR MUITO TEMPO.
                  E APRENDE QUE NÃO IMPORTA O QUANTO VOCÊ SE IMPORTE, ALGUMAS PESSOAS SIMPLESMENTE NÃO SE IMPORTAM...
                  E ACEITA QUE NÃO IMPORTA QUÃO BOA SEJA UMA PESSOA, ELA VAI FERÍ-LO DE VEZ EM QUNADO E VOCÊ PRECISA PERDOÁ-LA, POR ISSO.
                  APRENDE QUE FALAR PODE ALIVIAR DORES E4MOCIONAIS. DESCOBRE QUE SE LEVA ANOS PARA SE CONTRUIR CONFIANÇA E APENAS SEGUNDOS PARA DESTRUÍ-LA, E QUE VOCÊ PODE FAZER COISAS EM UM INSTANTE, DAS QUAI SE ARREPENDERÁ PELO RESTO DA VIDA.
                  APRENDE QUE AS VERDADEIRAS AMIZADES CONTINUAM A CRESCER MESMO A LONGAS DISTANCIAS.
                  E O QUE IMPORTA NÃO É O QUE VOCÊ TEM NA VIDA, MAS QUEM VOCÊ TEM NA VIDA.
                  E QUE BONS AMIGOS SÃO A FAMÍLIA QUE NOS PERMITIRAM ESCOLHER. APRENDE QUE NÃO TEMOS QUE MUDAR DE AMIGOS SE COMPREENDEMOS QUE OS AMIGOS MUDAM, PERCEBE QUE SEU MELHOR AMIGO E VOCÊ PODEM FAZER QUALQUER COISA, OU NADA, E TEREM BONS MOMENTOS JUNTOS.
                  DESCOBRE QUE AS PESSOAS COM QUEM VOCÊ MAIS SE IMPORTA NA VIDA SÃO TOMADAS DE VOCÊ MUITO DEPRESSA, POR ISSO SEMPRE DEVEMOS DEIXAR AS PESSOAS QUE AMAMOS COM PALAVRAS AMOROSAS, PODE SER A ÚLTIMA VEZ QUE AS VEJAMOS.
                  APRENDE QUE AS CIRCUNSTÂNCIAS E OS AMBIENTES TÊM INFLUÊNCIA SOBRE NÓS, MAS NÓS SOMOS RESPONSÁVEIS POR NÓS MESMOS.
                  COMEÇA A APRENDER QUE NÃO SE DEVE COMPARAR COM OS OUTROS, MAS COM O MELHOR QUE PODE SER.
                  DESCOBRE QUE SE LEVA MUITO TEMPO PARA SE TORNAR A PESSOA QUE QUER SER, E QUE O TEMPO É CURTO.
                  APRENDE QUE NÃO IMPORTA ONDE JÁ CHEGOU, MAS ONDE ESTÁ INDO, MAS SE VOCÊ NÃO SABE PARA ONDE ESTÁ INDO, QUALQUER LUGAR SERVE.
                  APRENDE QUE, OU VOCÊ CONTROLA SEUS ATOS OU ELES O CONTROLARÃO, E QUE SER FLEXÍVEL NÃO SIGNIFICA SER FRACO OU NÃO TER PERSONALIDADE, POIS NÃO IMPORTA QUÃO DELICADA E FRÁGIL SEJA UMA SITUAÇÃO, SEMPRE EXISTEM DOIS LADOS.
                   APRENDE QUE HERÓIS SÃO PESSOAS QUE FIZERAM O QUE ERA NECESSÁRIO FAZER, ENFRENTANDO AS CONSEQÜENCIAS.
                  APRENDE QUE A PACIÊNCIA REQUER MUITA PRÁTICA. DESCOBRE QUE ALGUMAS VEZES A PESSOA QUE VOCÊ ESPERA QUE O CHUTE QUANDO VOCÊ CAI É U8MA DAS POUCAS QUE O AJUDAM A LEVANTAR-SE.
                  APRENDE QUE MATURIDADE TEM MAIS A VER COM TIPOS DE TIPOS DE EXPERIÊNCIA QUE SE TEVE E O QUE VOCÊ APRENDEU COM ELAS DO QUE COM QUANTOS ANIVERSÁRIOS VOCÊ CELEBROU.
                  APRENDE QUE HÁ MAIS DOS SEUS PAIS EM VOCÊ DO QUE VOCÊ SUPUNHA.
                  APRENDE QUE NUNCA SE DEVE DIZER A UMA CRIANÇA QUE SONHOS SÃO BOBAGENS, POUCAS COISAS SÃO TÃO HUMILHANTES E SERIA UMA TRAGÉDIA SE ELA ACREDITASSE NISSO.
                  APRENDE QUE QUANDO ESTÁ COM RAIVA TEM DIREITO DE ESTAR COM RAIVA, MAS ISSO NÃO TE DÁ O DIREITO DE SER CRUEL.
                  DESCOBRE QUE SÓ PORQUE ALGUÉM NÃO O AMA DO JEITO QUE VOCÊ QUER QUE AME, NÃO SIGNIFICA QUE ESSE ALGUÉM NÃO O AMA COM TUDO O QUE PODE, POIS EXISTEM PESSOAS QUE NOS AMAM, MAS SIMPLESMENTE NÃO SABEM COMO DEMONSTRAR OU VIVER ISSO.
                  APRENDE QUE NEM SEMPRE É SUFUCIENTE SER PERDOADO POR ALGUÉM, ALGUMASD VEZES VOCÊ TEM QUE APRENDER A PERDOAR-SE A SI MESMO.
                  APRENDE QUE COM A MESMA SEVERIDADE COM QUE JULGA, VOCÊ SERÁ EM ALGUM MOMENTO CONDENADO.
                  APRENDE QUE NÃO IMPORTAS EM QUANTOS PEDAÇOS SEU CORAÇÃO FOI PARTIDO, O MUNDONÃO PÁRA PARA QUE VOCÊ O CONSERTE.
                  APRENDE QUE O TEMPO NÃO É ALGO QUE POSSA VOLTAR PARA TRÁS.
                  PORTANTO, PLANTE SEU JARDIM E DECORE SUA ALMA, AO INVÉS DE ESPERAR QUE ALGUÉM LHE TRAGA FLORES.E VOCÊ APRENDE QUE REALMENTE PODE SUPORTAR... QUE REALMENTE É FORTE, E QUE PODE IR MUITO MAIS LONGE DEPOIS DE PENSAR QUE NÃO SE PODE MAIS.
                  E QUE REALMENTE A VIDA TEM VALOR E QUR VOCÊ TEM VALOR DIANTE DA VIDA!
                  NOSSAS DÁDIVAS SÃO TRAIDORAS E NOS FAZEM PERDER O BEM QUE PODERÍAMOS CONQUISTAR, SE NÃO FOSSE O MEDO DE TENTAR.”


                                          WILLIAM SHAKESPEARE
                  

                  domingo, 6 de março de 2011

                  Ainda é Carnaval na Terra do Sol do Equador

                  Acontecendo Em Teresina


                  O modismo de " Não Fumar" está por todos os lug(ares) -; E Eu digo: Teresina sem Sujeira, Teresina sem fome, Teresina sem crack, Teresina sem safadeza, Teresina sem bandidagem, Teresina sem desemprego, Teresina sem abandono político, Teresina sem descriminação, sem descaso na saúde, na  educação, sem desmatamento.E.T.C.


                  Na Globalização, a guerra é diferente: a invasão é democrática.



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                  Poesia Da Semana
                             
                            
                  NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI
                                                         (Fragmento do poema de Eduardo Alves)
                              
                                                         
                  Tu sabes,
                  conheces melhor do que eu
                  a velha história.
                  Na primeira noite eles se aproximam
                  e roubam uma flor
                  do nosso jardim.
                  E não dizemos nada.
                  Na Segunda noite, já não se escondem:
                  pisam as flores,
                  matam nosso cão,
                  e não dizemos nada.
                  Até que um dia,
                  o mais frágil deles
                  entra sozinho em nossa casa,
                  rouba-nos a luz, e,
                  conhecendo nosso medo,
                  arranca-nos a voz da garganta.
                  E já não podemos dizer nada.

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                  Foto Da Semana

                  Pescadores - Rio Parnaíba

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                  Fotopoema


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                  Carnaval
                  Mesmo com o fraco carnaval de Teresina, Clemilton comandou, em bom tom, a folia no bar do Chicão.




                                                          Só para registrar(A Faixa)